sábado, 19 de janeiro de 2013

O EREMITA



[Não sei. talvez, saudade.]

Se muito não esqueço, ULYSSES é aquele homem que luta para retornar ao seu lugar, ao seu lar. Hoje, senti que estou fazendo [ou tentando] como  ele: Estou buscando voltar para o meu lugar. [Se possuo um.]

- Por que meus olhos viram com entusiasmo, um entusiasmo como que uma coisa de esperança-de-luz-no-fim-do-túnel?

Reconheci Vitor Arruda. Chorei ao ver Beatriz Milhazes [como quem reconhece as referências sutis e imediatas de um possível-lugar-familiar] - como um estrangeiro, longe de seu lar, que olha uma foto e volta para casa em saudade e alma.
Levei um choque com a obra "EU PAISAGEM", do artista que não me vem o nome de cabeça. Foi como ver o meu espelho passado, do tempo em que eu me enxergava como tal: uma paisagem tropical. Uma parafernália  PA.RA.FER.NÁ.LIA. [Eu era do tamanho desta palavra. Hoje, sou palavra alguma.]
...

[Não sei. talvez, saudade.]

Nelson Leirner e seu sincretismo Brasil-sil! [Uma Arte Brasileira!] Choro ao deparar-me com sua obra. E lembro de sua barba branca e seu potencial! E tantos outros incríveis! Tudo lindo!

Hoje, foi um [re]encontro com um pedaço de mim. Perdido por aí.

Ando um tanto sem mim e, rever-me os pedaços, os desejos e sonhos, fez mexer comigo.

Até posso dizer que fui contente.

[08|01|2013]

Porque só nós sabemos dar um beijo na alma


Para se ler ouvindo Um Abraçaço.




Eu leio TODOS os seus escritos. E isso me faz estar mais juntinho de você.

Imagino cenas com tudo que você escreve. Imagino, um dia, você em uma dessas livrarias, com música-instrumental-ambiente-à-novela-do-Manoel-Carlos, essas que sempre tem Helenas e o Lugar mais novo na descoberta do autor é o Leblon. Não o Leblon da Adriana Calcanhotto, cujo o inverno é quase glacial. Mas um Leblon do "Você-viu-só-que-amor- nunca-vi-coisa-assim...". Imagino você numas dessas livrarias cult-bacaninhas, em um lançamento dos seus livros de contos, de quase-vidas. A cena perece um tanto descolada de tudo que você é. Eu sei. Mas é só uma construção da minha cabeça que  não muda: sempre voando. Mas, no seu caso, acho que o melhor lançamento seria em uma livraria onde um barzinho fosse o vizinho. Onde diversas pessoas fora-da-roda estivessem juntas a falar e se embriagar (Porquê não também de poesia?).

Estou escrevendo isso porque sinto saudades dessa sua imagem de menina magrinha, que de tão delicada, parece que vai quebrar. Mas que engana  a gente. Que se mostra um estivador quando abre a boca e quando dá voz à cabeça e às mãos. É fato que somos um tanto diferentes. Você é mais Moska-Arnaldo-Chico. E eu, um talvez-Gal-ou-quiçá-Caetano... Mas, de resto, de todo o resto, que é total, somos UM. E devo reconhecer que muito que eu sou, em palavras, e em (des)entendimento das coisas, devo à você.



Tenho saudade daquelas conversas que só nós sabemos onde ela não vão parar. Tenho saudade porque gosto dessas suas qualidades estranhas, de achar que existe um período do ano, todo ano, em que as pessoas vão até você, para contar algum segredo. De ter uma quase-vergonha de receber dinheiro para estudar e trabalhar (achando que nunca está estudando o que deveria). E porque só nós sabemos dar um beijo na alma!

Te escrevo como um beijo na alma, como um abraço: um abraçaço.

Lendo o que você escreve eu lembro que você ainda tem um quinhão em mim. Porque sempre terá. Porque nós somos para nós dois assim: Ir-rediáveis.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Amém!

O dia em que o Deus descansou e apreciou a sua criação.O dia da santa Missa, do almoço em família (para as famílias dos comerciais de margarina). Também é o dia daqueles programas de TV que não sabemos o porquê começam e numa saberemos quando termina...Também é o dia da ressaca - para mais festeiros: domingo.

Domingo é dia que se arrasta lento, lonnnnnnnnnnnnnnngo.  No domingo, ele, um corpo de homem, com seus 1 e 70 e poucos de altura, tornou-se o próprio domingo. Esticado, horizontal, por sobre o quente incômodo da cama.

Deus-e conta de que passava das 13 horas. Mas pouco ligou.

Passou o não- dia a pensar. Lá, pelas tantas do dia, decidiu. Teria a promessa de amar. Amar tudo. Mais. Amar mais ainda, de modo grande, todo, muito e total a outra alma!


Decidiu escrever, para fazer nascer um novo mundo. Para ter uma segunda-feira mais feliz.
Hoje, ele descobriu que tem a felicidade e não precisa mais dos domingos arrastados.

Amém!









Estúpido


Gostaria que hoje, somente hoje, o mundo tivesse desabando. Muita chuva, frio. Ao contrário do que eu gostaria, o dia está, para o senso comum, "lindo!". Um sol desses de verão, claro, janeiro-Rio de Janeiro, queria mais o quê? Mas a tempestade, o inverno, o frio, a casa gelada, a chuva, o som da chuva, o barulho da chuva. Tudo isso é desejado por mim. Se acaso este desejo fosse agora, este agora  poderia ser um quase para sempre. Não sei se eu dentro estou em clima de inverno. Ou se prefiro escrever as coisas que me vem e que sinto quando o tempo está assim, chuvoso...

Há muito tempo... fui me caracterizando como uma pessoa solar, de gestos solares, como uma tropicália. Hoje, me vejo bem distante dessa composição estético-pessoal. Não sei em qual quadrado me inserir... sinto que, quando estou andando sozinho- quando subo do mergulho e vejo o mundo, as outras pessoas, as rotinas, o movimento da cidade- sinto que tem alguma coisa de diferente. Estou descolado desse ritmo.  Estou sem o ritmo. Não tenho mais aquela habilidade espontânea de cantar uma música, quase como uma explosão inesperada, quando alguém quer saber qual música tem mais a ver comigo. Sobre os assuntos que me rodeavam, não sei mais quase nada. A sensação que tenho é aquela de, quando adolescentes, diz para alguém que pergunta algo sobre a escola - "eu seu isso, mas esqueci.". A consciência de que já estudou o assunto ainda está lá, mas o conteúdo, a experiência que o ato de estudar proporcionou, escorreu pelo mundo. E isso se prolonga, se estica para todos os outros saberes.  Do erudito ao popular. Não sei mais nada. Tampouco sobre mim. Cheguei ao ponto de sentar-me no salão, para cortar os cabelos, e não saber explicar como quero o corte, levando em conta que a ideia era manter o corte anterior... Ando perdendo o verbo, as escolhas...  Não sei se destranco a faculdade, se me transfiro pra outra, mudo de graduação, se leio um livro de literatura francesa (que estou tentando ter desde sei lá quando...), se volto a tentar escrever uma peça de teatro ou se compro um celular, um ultrabook, que nem sei o que significa...  A vontade de morar sozinho ainda existe. Há dias que eu quero me mudar, mudar de casa, mudar de mim... Tem vezes que eu penso em juntar uma grana pra viajar. Mas aí, lembro que a máquina de lavar da minha casa pifou. E lavar edredom na mão é quase castigo... Então, acabo fazendo absolutamente nada.

Tenho a leve impressão de que estou me tornando um estúpido...

Pareço não ser de lugar algum. Ando e ando e ando como quem procura alguma coisa que caiu pelo caminho. Ultimamente tenho me sentido assim, como quem perdeu alguma coisa.  Como se, a cada passo eu perdesse algum objeto. Mesmo procurando, não acho.

No fim das contas, meu caro, chego à conclusão que, em verdade, são as coisas quem me perderam...