segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

fragmentos




O tempo passa e não me leva. Deixa-me aqui, em um tempo-presente cujo futuro nuca vem. Só o enfadonho agora com sua transitoriedade na velocidade de uma luz que não vejo, por isso não me ofusca. O tempo passa e me deixa. Leva só a minha idade, os centímetros de meu corpo. Minha velha identidade, meus dentes de leite e a lembrança do gozo de alimentar-me do leite de minha mãe.
Vivo na expectativa de uma coisa que se define com a palavra que não dá materialidade a coisa alguma. A expectativa do futuro é a mesma que arrumar (-se) a casa esperando por uma visita que não vai chegar. Por isso, tu que me lês, não determino o fim destes escritos, pois arrumei (-me) a casa também. Isto é somente o começo de uma história, a única história de uma vida que foi minha, mas que já perdi há tempos. Tempos tais que lembro bem. Suposto que começar uma e qualquer história pelo início seja didaticamente mais correto e ajuda na compreensão, começarei pelo início. Mas, qual é o início? Em que recorte do tempo eu comecei a ser?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Tropical 2

Ahh deixa pra trás
Sais e minerais, evaporar!
Sede agreste a boca, toma de todo
Bebe vontade no longe
com cabeça noutro lugar não-comum.
meu peito fundo.afogo
52- UM

Já não perto de mim está
E te vejo por detrás
Da névoa da memória
Que constrói-se toda vez
Em que sinto o teu sorriso
[no meu
Os teus gestos em mim
Como se tu não fosses uma
Eu, outro, mas nós
UM.
[30/03/08]
37- Poema – não – poema [Sintaxe]

Boca voz verso
em mim atroz
Deságua
Foz
maré cheia- ressaca
engole o mundo
engasga palavra
descabida
vida que se tem arredia
vontade do absurdo
momento
insano de fazer poesia a carne
crua que se mantém viva a alma
errante
passos confusos
pensamentos infindos
problemas não
matemáticos
da vida que é minha por
excelência. Na adição
de subtração dos
valores
fra – ci -
o -
na -
dos
decomponho-me
nas escolhas que não tem raiz
exata
para encontrar
a sintaxe que este
poema – não – poema
está longe de
ter.
[12/09/07]