sábado, 27 de setembro de 2008

indo-americana

A tribo pindorama indo-americana
Tem em seu umbigo a antropofagia
Que deglute o mundo e grita
De boca vazia, barriga inchada
e corpo subdesenvolvido
reclamando a fome
que ela própria é
[2007]

de conversa estamira cravo e canela

Visivelmente
Ele é tão poderoso
Eu sou a beira do mundo
Ao contrário
“...morena quem temperou a cor de canela...”
Não sou feiticeira
Pra variar
É fé
O sistema nervoso
Ainda quer mais
AAAAAAH!

[08/04/08]

Pindorama brasilis

sim!

Da mosca do lixo
Do cheiro do livro e do mijo
Nasce berrante o meu tropicalismo
E trovão e balbucio e protesto e glauber
E caetano e chico – o carlos – carcará e a gente
Que o estado dá diploma de nada
E o grito calado do oprimido que
Só tem o Deus – ou não, nem isto – e a
Reza que já esqueceu. No
Ouvido a todo vapor – ela – mastiga meu coma
Boca-voz-violão à contra-cultura
Antropofágica eu digo
Sim!
[08/04/08]

[ad] verso

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

“O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.” Grande sertão: veredas, pág.330


o quereres dá sede:
é sertão.
e de sede se sente a vontade de querer e sentir
o teu calor
que de ti vem em mim pelo olhar.
o sentires é incômodo e provoca
todo o corpo em mim material
que eunuco quando o sentires não há
e onde quero-te presente
tenho ausência
da minh’outra metade desigual
e no escuro sertão que dentro em mim
grita rouco
uiva o animal
que de triste morre até o fim
e enfim reconhece sua dor
que bonita e de flor é o teu cheiro
que tem pele da cor do meu sertão.

o agreste meu peito ele é
e é sendo assim que me vou
no silêncio do mundo que eu sou
que de tanto demais transbordo em mim.

[02-05-08]

tropical-me

Tropicália2

Em 1922 fui concebido
em 1965 ganhei um nome
em 1967 foi parida a alma
em 2007 dei o meu primeiro grito
e a confirmação de que existia.
Esperei 45 anos pra nascer
e mais 40 pra berrar. 22 pra formar o corpo material.
E agora, depois de tanto esperar
será impossível me calar.
por isso continuo a berrar
da beira do mundo porque
deram-me o direito ao grito -
e nisto insisto-.
Assim, vou
sendo marginal. sendo herói
sendo coqueiro. pedrada.
sendo canção que não pára.
cuspe na cara. força.
empurrão. alegria.
arrastão.
TropicáliA.

Ad Aeternum

“Bê, rê, a - Bra
“Zê, i, lê - zil”
verde amarelo cor de fuzil
mundo bala...

Mundo bola de gude
Que cabe dentro dum livro
Perdido no meio do mundo
Partido entre desenvolvidos
E sub-gente árida e
Tropical
Mundo imundo que
Goza da fome
Se veste da negra miséria
E com a boca podre
Cheirando a lixo
Sorri a morte
em seu estado
desnatural
mundo eunuco
meu peito não pára
quando a boca a mão cala
meu canto pedrada
teu talhado de vidro
estilhaça
planalto central
eu vou cobrar
o que é meu de direito
(ah, se eu vou!)
o sol tropical
o sorriso o meneio
o irmão
a paz
do tamanho de um sonho menino
o grito da alma.
o carnaval
Liberdade, Liberdade!
(ad aeternum)
[210508]
"E o primeiro dia de tantas descobertas
terminou numa noite com lua e estrelas.
O menino acabava de ver as coisas pela primeira vez.
E achou que era bom."