E vê-se o velho, nu, escorado pela quina-parede azulejada, chão e parede. Nu. O velho. Sem roupa, desnudo. Em pele. Enrugado. Obsoleto. Flácido pau mole. Banguela. Mijado. Sem pêlos. Nu inteiro.
Sua língua - pedaço de língua velha - jaz no chão azulejado, fragmento-velho. Ele olha por um tempo a sua língua, do canto da parede suja. Velha.
- A minha língua se rompeu. E o que me resta, agora, são balbucios ininteligíveis.
Depois de velho, tornei-me uma criança, cujas palavras não tem crédito, porque não são palavras. Des-sou. Des-falo. sem língua: línguarrebentada. Sem palavra.
Em um quase movimento tenta pegar o pedaço de língua velha. No meio do esticar dos dedos, para. Desiste.
- Sim...
Ainda tenho muito a dizer.
Porque nunca é o bastante.
Porque nunca se diz tudo.
E ali, escorado pela quina-parede azulejada, chão e parede, o velho continuou por todos os outros dias.
O velho termina. Mas nunca acaba.
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