sexta-feira, 26 de março de 2010

Voz dissonante

Antes de qualquer nomenclatura, acima de qualquer tipo de qualificação devemos ter bem compreendido que somos todos seres humanos: iguais em funções vitais, porém diferentes em características físicas e ideológicas. Somos únicos e não temos valor calculável. Portanto, não estamos à venda. Infelizmente, somos escravos [mesmo sendo abolido o regime escravista há mais de um século] do sistema capitalista, que etiqueta cada pessoa com o preço que os patrões determinam. A partir daí, você passa a ter valor para a sociedade de acordo com o poder aquisitivo que possui. Construímos assim, todos os dias, grandes muros que separam pessoas, eliminam desejos e roubam as vozes dos que não podem participar da partilha da renda. O que nada possui não comunga do mesmo banquete. Não existe como ser humano. Torna-se o problema.
Como resposta às opressões, um grito existencialista é dado em cada canto do mundo, como sinal de resistência. O grito sufocado, abafado do que não tem vez é visto como atrocidade.
Uns roubam porque precisam, outros porque é o modo mais fácil de enriquecer. Há aqueles que são vítimas de assaltos. Mas há também os que vencem suas dificuldades e conseguem alcanças os objetivos. Mas não podemos esquecer aqueles que são interrompidos no meio do caminho e perdem a vida inocentemente. E, por fim, há os que nada fazem.
E assim, de seres heterogêneos, se constitui a sociedade. Mas quem são os culpados? E inocentes? Somos todos vítimas e ao mesmo tempo assassinos. Não podemos assistir nossa própria desgraça e aplaudir no final. Também não podemos rir da nossa desgraça. É preciso movimento para manter o corpo vivo. Aquele que nada faz se torna cúmplice de um crime que ele também será a vítima. É preciso reagir. Mergulhar em águas mais profundas. Comprometer-se com a causa. Decreto, assim como o Poeta Thiago de Melo, os Estatutos do Homem:

"Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.

Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.”.

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