terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Uma carta.

Há tempos não escrevo uma carta. Há tempos também que não recebo uma carta. Há tempos que não vejo minhas letras e também não sei as dos outros. Há tempos que não vejo o contorno de minha alma e também o dos outros. Nunca escrevi uma carta sequer para ninguém. É bem verdade que ninguém também nunca me escreveu nada na vida. Mas é uma questão de tempo. Por sinal, o tempo é uma questão muito importante. essa chuva que cai me impede de fazer algumas coisas. Então, por isso, me deitei e acabei me encontrando pensando nessas coisa de escrever uma carta. Por isso, escrevo pra você, meu amor.

Rio de janeiro, 17 de fevereiro de 2010

Querido;

Estou tentando me virar aqui, sem você. sabe, é difícil demais pra mim. Aguentar tudo sozinho é muito difícil, mas vou conseguir. Um dia desses, arrumando o armário, achei aquela boina quadriculada que te dei de presente, lembra? Não sabia que ainda estava aqui. Lavei porque já estava quase mofando. O mais incrível é que mesmo depois de lavada, ainda ficou com o seu cheirinho. Seu quarto está limpo. Lavei o chão e troquei as roupas de cama. Aquela mancha do lençol saiu. Todas as manhãs eu abro as janelas, pro sol entrar. Às vezes, quando sinto muito a sua falta, durmo em sua cama, pra te ter mais pertinho de mim.Queria que estivesse aqui comigo. Desculpe. Não queria que fosse assim. . Mas é que você me irritava dizendo que me amava, que me queria por toda vida. E quando dei por mim, o revólver já estava nas minhas mãos. Hoje eu não bebo mais. Seu rosto era tão bonito... Rezo por você.

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