sua respiração ficou um tanto ofegante. Era algo. Algo ocorrendo em seu corpo nem um pouco dócil: o corpo de dentro. era um misto de pulsão freudiana com senso de realidade. Era seu id querendo matar o superego, e vice-versa. matar de prazer, de amor, qualquer coisa.
Sentou-se. Só. Num canto pouco iluminado. Só com ele mesmo. À espera. À espera somente. Do outro corpo que vem. Em algum momento ele vai chegar.
- e se não chegar?
Por que você não existe mais diante dos meus olhos? eu me disponho todo.
Canto.
Eu corto o canto
e num canto
espero.
calado.
Porque você me violenta.
: se não chegar. Ele vai morrer. Por mais uns dias.
- Quem sabe?
Mas, ao fim, já mutilado pelo câncer da espera, foi. andou. encontrou o outro corpo de pé. Não olhando. entrou na sala. Abraçaram-se. era um abraço que continha uma conversa. um diálogo que não necessariamente era para o outro ouvir. Uma descarga de texto gestual. foram embora. Seus olhos gritavam
- Só peço que me leve.
Foi o que aconteceu. foi levado pelos olhos aguados e lindos, represados o doutro corpo, que ao ler as palavras do papel-peito-pulsante, escrito em vermelho, lançou-se todo em olhar e vontade por dentro dos olhos daquele corpo que esperava.
E assim saíram horizonte a fora: um corpo querendo querer habitar o outro. querendo querer ser: um.
E o foram.
"Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor..."
Ah! Bruta flor, bruta flor..."
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