quarta-feira, 1 de junho de 2011

Só peço que me leve.

e os dois marcaram de se encontrar. Ele chegou. Procurou. Não achou. Estava com medo. Uma sensação diferente. Acho que era medo. do que poderia acontecer. Ou não acontecer. ele não estava lá: ninguém estava. percorreu por todo o prédio e ninguém conhecido.
sua respiração ficou um tanto ofegante. Era algo. Algo ocorrendo em seu corpo nem um pouco dócil: o corpo de dentro. era um misto de pulsão freudiana com senso de realidade. Era seu id querendo matar o superego, e vice-versa. matar de prazer, de amor, qualquer coisa.
 Sentou-se. Só. Num canto pouco iluminado. Só com ele mesmo. À espera. À espera somente. Do outro corpo que vem. Em algum momento ele vai chegar.

 - e se não chegar?
Por que você não existe mais diante dos meus olhos? eu me disponho todo.
Canto.
Eu corto o canto
e num canto
espero.
calado.
Porque você me violenta.


: se não chegar. Ele vai morrer. Por mais uns dias.

 - Quem sabe?


Mas, ao fim, já mutilado pelo câncer da espera, foi. andou. encontrou o outro corpo de pé. Não olhando. entrou na sala. Abraçaram-se. era um abraço que continha uma conversa. um diálogo que não necessariamente era para o outro ouvir. Uma descarga de texto gestual. foram embora.   Seus olhos gritavam

 - Só peço que me leve.

Foi o que aconteceu. foi levado pelos olhos aguados e lindos, represados o doutro corpo, que ao ler as palavras do papel-peito-pulsante, escrito em vermelho, lançou-se todo em olhar e vontade por dentro dos olhos daquele corpo que esperava.

E assim saíram horizonte a fora: um corpo querendo querer habitar o outro.  querendo querer ser: um.

E o foram.


"Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor...
"

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