quinta-feira, 1 de abril de 2010

Telefone

- alô.

- Não precisa falar nada é que eu não quero ficar sozinho sempre detestei essa ideia de ficar sozinho eu queria que você não fosse embora que você não me deixasse eu sei que não sou o que você queria sonhava mas eu tô aqui inteiro pra você e só de pensar na possibilidade de você não mais existir já fico desesperado por favor não me deixa aqui sozinho eu tô te implorando não me ignora tudo bem não precisa falar nada comigo nem me olhar deixa que eu faço isso eu juro que não vou te incomodar mas é que eu preciso eu preciso de você acredito que você nem tenha me percebido mas eu te percebo eu te vejo eu te tenho dentro de mim por favor não vá embora você pode achar isso ridículo até é ridículo mas fazer o quê eu não sei ser outra coisa eu dependo de você eu amo você por favor não me deixe aqui não desligue o telefone eu eu desculpa estou tomando o seu tempo você é tão linda e não precisa disso eu só queira te dizer que não está sozinha eu estou aqui mas eu só queria isso mesmo que você soubesse que eu existo mesmo não me vendo agora joga esse frasco no lixo

Ela engoliu a seco aquelas palavras, aquela voz desconhecida que silenciou o mundo. O telefone desligou. Pegou o frasco. Jogou na lixeira. Hoje, mais uma vez, Ana desistiu de acabar.

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